domingo, 17 de outubro de 2010

Bullying

Hoje vamos falar um pouco sobre o bullying. Mas antes, permitam-me contar sobre a minha experiência pessoal como vítima desta prática, tão comum na minha época como o é agora.

Passei quase toda a minha adolescência isolada na escola. Da 2ª à 8ª série, fui praticamente uma pessoa solitária, pelo menos no âmbito escolar (pois na igreja possuía alguns amigos). Minha timidez também não ajudou muito: deixava de fazer perguntas aos professores para sanar minhas dúvidas e acabei me ferrando legal na Matemática. Resultado: aulas particulares, que me salvaram e me fizeram acompanhar o ritmo do resto da turma e recuperar as notas. 

No recreio (ou intervalo), minha atividade preferida era leitura. Eu encontrava na leitura o amigo que eu precisava, que me contava história e eu me permitia aventurar pelas suas páginas, desconectando-me do mundo real e alheia a tudo que não fosse aquilo que se encontrava em minhas mãos. Em 1 semana eu conseguia ler uns 3 livros, geralmente.

 Quase no finalzinho do Ensino Fundamental, eu fiz amizade com 4 pessoas de lá, por sinal, pessoas incríveis. Meu melhor amigo virou meu namoradinho... ééé... precoce! (risos)

 O Ensino Médio foi onde eu desabrochei. Não fui muito popular, mas também não fui recatada. Tinha um ótimo relacionamento com os colegas, todos me conheciam e eu conversava com todos. Perdi grande parte da timidez. 

A faculdade foi melhor ainda. Encontrei ali verdadeiros anjos que me auxiliavam muito, me emprestando o caderno, estudando horas a fio comigo, mas também companheiros nos momentos de diversão... enfim, foi muito bom e sinto muitas saudades. Acho que à medida em que se vai amadurecendo, percebemos que todos são diferentes, seja em inteligência, beleza, esperteza, atitudes, e tantos outros atributos, e passamos a respeitar a individualidade e as características que nos fazem ser únicos e ser quem somos.

Bem, vamos ao bullying.

Bullying (bully - valentão) é um termo em inglês usado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou um grupo de pessoas com o intuito de intimidar/agredir outro (s) indivíduo (s) incapaz (es) de se defender. É uma prática muito comum nas escolas, sendo mais prevalente em idades de 11 a 13 anos.

Segundo uma pesquisa feita pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (ABRAPIA) 41,6% das vítimas de bullying 
admitiram não ter solicitado ajuda de outras pessoas. Entre aqueles que pediram, apenas 23,7% tiveram êxito. Ainda de acordo com esta pesquisa, mais da metade dos alunos autores de
bullying afirmaram não ter recebido nenhum tipo de orientação ou penalidade por seus atos, o que favoreceu o aumento das ocorrências desta prática (NETO, 2005).

Existem 3 tipos de bullying, segundo Martins (2005): diretos e físicos, com agressões físicas, roubar e/ou estragar objetos dos colegas, extorsão de dinheiro, forçar comportamentos sexuais, obrigar a realização de atividades servis, ou a ameaça desses itens; diretos e verbais, como apelidar, "tirar sarro", comentários racistas ou preconceituosos; e os indiretos, que incluem excluir sistematicamente uma pessoa, fazer fofocas ou boatos, ameaçar exclusão do grupo em troca de favorecimento ou manipular a vida do colega. 

Neto (2005) lista as principais consequências para as vítimas, para os autores e para as testemunhas envolvidas com o bullying

Vítimas → quando o bullying começa na infância, são mais propensos à depressão e baixa auto-estima quando adultos; prejuízos financeiros também estão relacionados, pois passam a necessitar de vários serviços, como auxílio psicológico, educação especial, justiça da infância e da adolescência, entre outros. O relacionamento com a família também pode ser prejudicado, caso a vítima se sinta traída pelos pais, quando estes não demonstram acreditar em seus relatos ou em suas ações.

Agressores →  quanto mais precocemente se iniciam na prática do bullying, maior é o risco de apresentarem comportamentos anti-sociais na vida adulta, bem como perda de oportunidades, instabilidade no trabalho e relacionamentos afetivos pouco duradouros.

Testemunhas → descontentamento com a escola e comprometimento do desenvolvimento acadêmico e social.

Mas, e o bullying contra os deficientes (em geral)? É um assunto muito mais complexo e ocorre de forma velada, e é muito mais sério do que parece, segundo a Revista Nova Escola (leia a reportagem na íntegra), que apresenta 6 soluções diante desta questão:

1) Conversar sobre a deficiência do aluno com todos na presença dele.
2) Adaptar a rotina para facilitar a aprendizagem sempre que necessário.
3)Chamar os pais e a comunidade para falar de bullying e inclusão.
4)Exibir filmes e adotar livros em que personagens com deficiência vivenciam contextos positivos.
5)Focar as habilidades e capacidades de aprendizagem do estudante para integrá-lo à turma.
6) Elaborar com a escola um projeto de ação e prevenção contra o bullying.

É preciso uma ação conjunta entre professores, pais, pedagogos, psicólogos, comunidade e os próprios alunos, e também a aplicação de projetos que visem incluir o portador de necessidades especiais na comunidade, a fim de melhorar o desenvolvimento social, psicológico, mental, permitindo que o aluno tenha liberdade para desenvolver suas habilidades e talentos. 

Informação, educação e conscientização é a chave para um ambiente saudável e para um mundo melhor. 

Um abraço e até a próxima!
Keylla.

Fontes: 


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